Cada vez mais encontramos esse termo “Construção Sustentável” como uma espécie de rótulo para produtos dos mais diversos tipos. Esse excesso no uso desse termo gera muita confusão e não contribui para que os clientes finais tomem decisões que realmente os conduzam à uma construção sustentável. Para tentar organizar esses conceitos, a Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo lançou no início de 2012 o volume 9 do caderno de educação ambiental, que trata exatamente de Construção Sustentável (clique abaixo no ícone para baixá-lo). Esse caderno é muito interessante por trazer em linguagem simples os conceitos gerais sobre sustentabilidade, deixando claro que o conceito base da sustentabilidade: “desenvolvimento que permite o atendimento das necessidades das presentes gerações sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações”. Esse conceito foi definido pela Comissão Brundtland em 1987, como relatório dos 15 anos da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972.
Por ser uma publicação oficial, considero uma referência válida para analisarmos a carga de informações desencontradas que são apresentados sobre materiais e sistemas construtivos ditos sustentáveis. O próprio caderno cita o termo “Green Washing” ou Verniz Verde, onde o fornecedor se prende a um único detalhe para vender seu produto como sustentável. É comum encontrarmos um material de construção que se diz ecológico porque é possível ser reciclado, ou porque parte dele é proveniente de material reciclado. Mas essas informações geralmente são parciais e não informam outros aspectos que vão contra os princípios de sustentabilidade, como utilizar matéria prima não renovável, emitir gases estufa na fabricação, gerar poluentes tóxicos, etc.
Utilizando os conceitos apresentados no Caderno de Educação Ambiental, verificamos que a madeira tem grande aptidão para a sustentabilidade, partindo sempre do pressuposto que trata-se de madeira de floresta plantada ou de manejo sustentável aprovado pelo IBAMA.
Material de fonte renovável: A madeira é o único material utilizado em estruturas que pode ser plantado, a matéria prima que a natureza utiliza é CO2, água e energia solar.
Baixa produção de energia para produção: A madeira é produzida basicamente consumindo energia solar. A energia utilizada no processamento e no transporte é ínfima se comparada com a energia necessária para produção de cimento, aço e alumínio.
Sequestro de carbono: enquanto os outros materiais estruturais emitem carbono para sua produção (na pagina 60 menciona-se que o cimento é responsável por 6% das emissões de CO2 mundial), a madeira sequestra o CO2 da atmosfera e o transforma em madeira. Utilizar a madeira como material estrutural faz com que esse carbono que estaria na atmosfera fique sequestrado na forma de madeira por toda a vida útil da estrutura.
Emissão de poluentes: A Madeira, como já dito, tem sua produção na fotossíntese, que consome CO2, água e energia solar e produz celulose e Oxigênio puro. O processamento da madeira gera como resíduo pó de serra e cavaco, que geralmente é aproveitado como produto secundário ou como fonte de energia para as próprias serrarias.
Transporte: O Brasil tem possibilidade de cultivar madeira em praticamente todo seu território. É possível encontrar serrarias de desdobre em quase todas as cidades brasileiras. Na região sul e sudeste, essas serrarias estão habituadas a serrar principalmente madeira de reflorestamento. Sendo um material local, valorizamos a sociedade no entorno da obra e reduzimos os custos de transporte e suas consequentes emissões de poluentes. Mesmo desconsiderando a possibilidade de consumir a madeira da própria região, a madeira tem os custos de transporte reduzidos por ser um material de ótima relação Resistência/Peso, levando à uma grande eficiência de material transportado e resultado estrutural.
(Texto do prof. Guilherme Stamato da STAMADE MADEIRAS)
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